'Foi um ano de preparação muito intenso', diz padeiro de panetone brasileiro eleito o 2º melhor do mundo
Equipe com padeiro cearense conquista título de segundo melhor chocotone do mundo. Na receita vai baunilha, chocolate amargo, farinha de amêndoas e avelã. O ...

Equipe com padeiro cearense conquista título de segundo melhor chocotone do mundo. Na receita vai baunilha, chocolate amargo, farinha de amêndoas e avelã. O preparo pode levar até três dias. Mas o sabor conquista na hora: no último fim de semana, o panetone de uma equipe brasileira, composta pelo cearense Brunno Malheiros e outros três padeiros, foi eleito o segundo melhor do mundo na categoria panetones de chocolate do concurso Panettone World Championship, realizado na Itália. A competição foi criada em 2019 em Milão, cidade italiana onde se acredita que a receita de panetone foi criada, há mais de 600 anos. Foi neste ponto especial que o pão feito por mãos brasileiras conquistou sua posição entre os melhores. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp "Eu estou meio que sem acreditar", disse ao g1 Brunno Malheiros, padeiro e proprietário da padaria artesanal Cheiro do Pão, em Fortaleza. "É assim uma alegria, uma sensação de dever cumprido e de que estamos no caminho certo muito grande. Voltei para casa, o troféu está aqui comigo, a coisa mais linda. Eu sempre tinha feito participações internacionais, trazia medalha, mas nunca trazia um troféu. E esse ano conseguimos trazer um troféu", diz o padeiro. O evento reuniu 42 confeiteiros de 12 países do mundo, da Europa ao Japão e passando pelo Brasil, que hoje é o maior produtor mundial de panetone. O formato da competição foi em equipe. Além de Bruno, a equipe brasileira foi composta por Joze Nilson Diniz (SP), Matheus Andrade (RN) e Déborah Zanzini (SP). Brunno Malheiros (CE), Matheus Andrade (RN), Déborah Zanzini (SP) e Joze Nilson Diniz (SP) conquistaram prêmio no Panettone World Championship 2025 Arquivo pessoal Os competidores precisaram conseguir patrocinadores para financiar a participação no concurso, a compra dos insumos e os meses de preparo. Pelo regulamento, os participantes precisavam entregar itens para todas as nove categorias distintas do evento, como as de panetones clássicos (com frutas). Além disso, as receitas precisavam ser preparadas lá no local, em tempo real. "Esse é o único campeonato onde toda essa produção é feita no local. Então, a gente tem dois dias de trabalho, o centro técnico abre às seis da manhã. São dois dias, de seis da manhã até a meia-noite, para entregar toda essa produção. Cada um, cada país, tem o seu box, como se fosse Fórmula 1. Existem ferramentas, utensílios e maquinários de trabalho que são comuns para todos", explica Brunno. Tipos de panetone Além do panetone de chocolate que levou a prata da categoria, a equipe ainda entregou uma receita de panetones clássicos - que conquistaram a quarta colocação na categoria de clássicos - e panetones "inovativos", que precisavam conter algum elemento da culinária local. No caso da equipe brasileira, foi um panetone de doce de leite com maracujá. "Foi um ano de preparação muito intenso, consome tempo e agenda absurdos para treinamento, para teste de receita, é uma competição que tem um regulamento muito extenso. Então, são muitos requisitos, muitos detalhes, a gente tinha uma lista de produtos muito grande para entregar", detalha. Para o chocotone premiado, Brunno e seus colegas de equipe apostaram em uma receita que preservasse a maciez da massa e equilibrasse o doce do chocolate ao leite com o amargo natural do cacau. A casca crocante traz as notas de avelã e amêndoas. No recheio, as lascas de chocolate. Panetone de chocolate do Brasil foi eleito o segundo melhor do mundo em competição na Itália Arquivo pessoal "Quando a gente vai para a receita de fato, ingredientes, o grande desafio do chocotone é trabalhar o cacau na massa. O cacau é um insumo que ele, por natureza, tende a ressecar o panetone. E a grande briga do padeiro é fazer com que o panetone tenha umidade, tenha maciez", explicou. "A gente trabalhou com uma espécie de emulsão de cacau, fava de baunilha, creme de leite, que dá uma umidade. O panetone, a textura do panetone, eu sempre falo que parece um mousse, sabe? Ele desfia, mas é como se o panetone ficasse cremoso. E no recheio dele, a gente fez um balanço de chocolate 70% e chocolate ao leite. Então, ele tem uma pegada um pouco mais amarga e não tão doce", afirma. Ao fim do concurso, o panetone brasileiro conquistou o segundo lugar na categoria. O prêmio, aliás, não é o primeiro do padeiro de 33 anos, que começou atuar na área da panificação em 2017. Ele abriu o próprio negócio em 2020. Já em 2022 e 2023, o panetone clássico (de frutas) de Brunno foi eleito o melhor do Brasil na Coppa del Mondo del Panetonne, um dos concursos mais importantes da área. Apesar dos prêmios e reconhecimentos recentes, o cearense contou que ao g1 que o gosto dele pelo pão vem bem de antes. "Eu sou neto de dono de padaria. Eu cresci vendo padaria, cresci tendo a oportunidade de andar no meio de produção de padaria. Sempre fui encantado com isso, sempre fui apaixonado pelo, acho que mais do que comer pão, eu gosto muito de estar no meio do fazer pão. Para mim sempre foi encantador você pegar farinha, misturar com água, um pouco de fermento, um pouco de sal, e você tem um produto maravilhoso que você é capaz de se alimentar para o resto da vida disso", conta. Cearense Brunno Malheiros desenvolveu, com colegas, receita de chocotone eleito como o segundo melhor do mundo Arquivo pessoal Assista aos vídeos mais vistos do Ceará